Reflexões sobre a infância

23/09/2015 - Publicado por: Instituto Tachibana

Há algumas décadas atrás, as principais referências para o atendimento psicoterápico de crianças e adolescentes, que permanecem relevantes e válidas ainda hoje em muitos aspectos, descreviam o ambiente e contexto ludoterápico como sendo um dos únicos, se não o único, espaço onde a criança poderia ter liberdade para se expressar autenticamente, e recuperar uma espontaneidade quase sempre duramente reprimida.

Menos de cinquenta anos depois, com muitas exceções é certo, o que vemos parece ser o exato oposto. Não é raro que o consultório psicológico se torne o lugar por excelência, onde a criança acaba por se haver de algum modo com suas próprias ações e com limites, que parecem escassear nos seus outros ambientes e contextos cotidianos. Estaríamos indo de um extremo ao outro?

As famílias frequentemente não têm tempo suficiente com seus filhos. Popularizou-se a ideia de que muito pouco tempo basta, desde que seja de qualidade, no entanto, pouco tempo, por melhor que seja, pode não ser o bastante. Já pensaram que uma criança pode precisar de muito mais para construir uma relação profunda e rica com seus pais, que lhe sirva de suporte ao longo de sua caminhada, e possibilitará uma adolescência mais suave?

É comum que os pais olhem para seus filhos e vejam uma infância como se fosse “a” infância, como se as ideias que nutrem sobre a infância fossem naturais. Mas o que de fato temos sob nossos olhos? Como a infância acontece? As crianças simplesmente brincam porque são crianças e é isso que crianças fazem? Os desenhos animados são bons para elas simplesmente porque são desenhos e desenhos são para crianças? Quanto antes minha filha aprender a ler, ou quanto mais meu filho se sobressair sobre os demais, ou quanto mais precocemente preparado para competir no mercado de trabalho, melhor? Será que crianças pequenas são tão somente anjinhos fofos, meigos, inocentes e engraçadinhos? Precisam ser atendidas naquilo que desejam ou pode ser ruim para elas? Merecem estar em primeiro lugar em relação aos pais em uma porção de coisas, e ter tudo aquilo que os pais não puderam quando eram, eles mesmos, crianças?

Esses são apenas alguns questionamentos para fazer pensar e refletir sobre a infância. O primeiro de uma série de textos voltados para pais e mães, nos quais pretendemos abordar algumas questões importantes sobre esse período crucial da vida, do ponto de vista psicológico e também integrado à filosofia do Aikido. Convidamos a que nos acompanhem nestas reflexões, temos muito a conversar e pensar juntos.


Desejamos a vocês uma excelente semana.


Leandro Barbosa da Silva

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Autor: Instituto Tachibana